Em momento algum o tráfego parou, ou qualquer pessoa deu importância àquela mulher na esquina. Vestia um traje militar desbotado, não usava os coturnos, mas tamancos sem cor definida. Empunhava uma sombrinha com estampa de beijo, e ninguém a via. Ninguém notara a presença da mulher ali desde a manhã. O dia inteiro ao lado do poste, ela era quase poste também. Que pensava? Iria passar a noite ainda na esquina? Por que a roupa esquisita? O guarda-chuva bem se entende, pois chovia. Essa mulherzinha insignificante, não vale a pena continuar falando nela. Ao menos se gritasse.
E-mail: lbrasiliense@uol.com.br