Posts Tagged ‘Impressões’

Patrimônio. De Philip Roth

domingo, abril 29th, 2012

“Senti o cheiro de merda já no meio da escada. Quando cheguei ao banheiro, a porta estava inteiramente aberta e, no chão do corredor, jaziam seu macacão e sua cueca. Dentro do banheiro papai estava nu, tendo acabado de sair do chuveiro, pingando ainda. O cheiro era insuportável. Ao me ver, quase começou a chorar. Na voz mais desconsolada que jamais ouvi, dele ou de qualquer outra pessoa, me disse o que não era difícil deduzir: ‘Me caguei todo’.”

Acho que o trecho acima e toda a sequência dessa passagem resumem, do modo mais franco e honesto possível, a essência do livro “Patrimônio”, de Philip Roth, reeditado agora pela Companhia das Letras. (mais…)

A polêmica sobre a gestação de bebês anencéfalos

quarta-feira, abril 11th, 2012

Conheci um menino, que depois se tornou adulto, com graves deficiências mentais. Sua vida deve ter durado perto de 40 anos. A mãe e a avó cuidavam dele com um carinho impressionante. Ele oscilava entre bons e maus momentos. Em estado turbulento, chegava a agredir a mãe. Era um terrível drama. (mais…)

Chico, o maior de todos

sexta-feira, março 23rd, 2012

Dizem que quando vamos ficando velhos, gostamos de nos apegar a coisas do passado, aos ecos de nossa vida. Acho que estou ficando velho. Sempre que posso me divirto com a "Escolinha do Professor Raimundo". Passa no canal Viva. (mais…)

Relógio

quarta-feira, agosto 31st, 2011

Acordei outro dia às seis e pouco. A luz pálida que entrava pelas frestas da janela iluminava o relógio branco da cabeceira. Estava ali o tal, logo cedo e já uma expressão pouco simpática emergia de sua moldura arredondada. O ponteiro fino, o dos segundos, avançava incansável, sem rodeios, prepotente como sempre. O maior deles, o dos minutos, punha-se num movimento dissimulado. Sabe aquela chuva que nos convida a atravessar a rua por ser fraca e depois nos surpreende ensopados? Pois assim o é também esse pino longo dos minutos em sua constante zombaria. Já o das horas, aquele curto e grosso, é de um descaramento só. Finge-se morto, mas é voraz. Vai, de pouco em pouco, como o abutre faminto, bicando nossos pedaços. Não dormi mais. Fiquei só olhando aquele relógio...

O gato

sábado, outubro 7th, 2006

Edgar Allan Poe tem em seu O gato preto um dos mais famosos contos de sua deliciosa e poética literatura de terror. Há um escritor no sul, no Rio Grande, que se diz apaixonado, assim como sua mulher também o é, pelos felinos; eles têm em casa uma siamesa. Mas, você talvez me pergunte bem agora: e daí? Pois, narro a seguir uma coincidência interessante. (mais…)

Influências

domingo, julho 11th, 2004

Agora há pouco na rua, voltando do almoço, com a Fer e a Ana Clara, saí-me com esta: - "puxa, mas que sábado sorumbático!" Um pouco antes, eu havia passado no posto de combustível, e o frentista: - "o dia está estranho..." Hoje, as nuvens entrincheiram-se no firmamento como se fossem defender-se numa guerra, um céu cinza e tristonho recobre nossa região. (mais…)