Posts Tagged ‘Miniconto’

Maktub

quarta-feira, dezembro 12th, 2012

Adoração dos Reis Magos
Quadro Adoração dos Reis Magos

Quatro reis magos foram avisados que uma criança muito especial havia nascido em Belém, num local de difícil acesso.

Cada um a seu jeito se preparou para a longa viagem, e três providenciaram presentes para levar ao recém-nascido. (mais…)

Relógio

quarta-feira, agosto 31st, 2011

Acordei outro dia às seis e pouco. A luz pálida que entrava pelas frestas da janela iluminava o relógio branco da cabeceira. Estava ali o tal, logo cedo e já uma expressão pouco simpática emergia de sua moldura arredondada. O ponteiro fino, o dos segundos, avançava incansável, sem rodeios, prepotente como sempre. O maior deles, o dos minutos, punha-se num movimento dissimulado. Sabe aquela chuva que nos convida a atravessar a rua por ser fraca e depois nos surpreende ensopados? Pois assim o é também esse pino longo dos minutos em sua constante zombaria. Já o das horas, aquele curto e grosso, é de um descaramento só. Finge-se morto, mas é voraz. Vai, de pouco em pouco, como o abutre faminto, bicando nossos pedaços. Não dormi mais. Fiquei só olhando aquele relógio...

Um crime, um sorriso – miniconto de Leonardo Brasiliense

quarta-feira, março 9th, 2011

Chico Pedreira deu um tiro no vizinho. O homem foi caindo, quase em câmera-lenta, olho esbugalhado no Chico e da boca escorrendo sangue. Na janela, gritava a Mariazinha, mulher do Chico e causa do crime. (mais…)

Silêncio

segunda-feira, janeiro 18th, 2010

Observa o amigo deitado na cama. Quando o outro acorda, a primeira coisa que vê: os olhos felinos. Já estava acostumado com o bichano que nunca mia e parece estar ausente o tempo todo.

E-mail: dudu.oliva@uol.com.br

Instantes

segunda-feira, janeiro 18th, 2010

uma leve batida de carro/
um homem escuta música alta no automóvel/
alguém conversando no celular, parece estar em casa/
malabaristas arranjando uns trocados com suas habilidades/
uma casal corre de mãos dadas para pegar a condução lotada/
lá em cima a lua impera, apesar de não representar nada neste momento;
pois, os transeuntes apressados não a olhavam/

E-mail: dudu.oliva@uol.com.br

Sabores

sábado, janeiro 16th, 2010

Só depois que Diva entrou em sua vida é que Ramiro percebeu que antes dela nunca conhecera sabores verdadeiros. Jamais experimentara o embriagante sabor de vinho como o da boca de Diva. Quando conheceu e explorou as entranhas daquele corpo, encantou-se com o sabor de mel silvestre. (mais…)

Artes de saci

terça-feira, dezembro 1st, 2009

Desde pequeno ganhara esse apelido. Tinha as duas pernas, não fumava cachimbo nem usava gorro vermelho. Mas como escondia bem as coisas! Era alguém sentir falta das meias, do cachorro ou do tacho de goiabada, que já se sabia que era arte dele. (mais…)

Pescaria

segunda-feira, novembro 23rd, 2009

Fisgava as palavras escrevendo; depois, ia descansar um pouco. Elas voltavam a virar peixes e retornavam para as profundezas do mar. Quando acordava, as várias páginas escritas estavam vazias. Contudo, não ficava desiludido e começava tudo de novo.

E-mail: dudu.oliva@uol.com.br

Ventre

domingo, outubro 18th, 2009

Deita na cama dos pais; ali, o casal conversava longas horas e fazia amor. Fica em posição fetal, acreditando que a alcova o protegerá.

E-mail: dudu.oliva@uol.com.br

Solidariedade – Texto de Leonardo Brasiliense

sábado, outubro 10th, 2009

Numa esquina da avenida mais movimentada, às sete da noite, o sinal fica verde, entretanto a carroça do papeleiro não se mexe. Os motoristas começam a buzinar. O papeleiro agita as rédeas, faz um som esquisito com a boca, e nada adianta. O cavalo empacou. (mais…)