Era uma caixa d’água virada para baixo, e lá de dentro espiávamos o mundo por um furinho quase de nada. Assim nós sabíamos de tudo. Por exemplo, quando mataram o galo Rico. Os adultos combinaram o assassinato no cochicho. Então o Rico apareceu na mesa do jantar, e nós sabíamos que era ele. Mas não deixamos sobrar nada no prato: mais nos importava manter o esconderijo, porque a prima e eu desconfiávamos, em silêncio, que dali a pouco ele teria outro fim.
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