A fórmula é infalível, meu jovem: planeje uma obra ou um evento que possa lhe render muito dinheiro e prestígio; contrate uma firma inidônea (será fácil encontrar várias) para realizar seu projeto; peça subsídios ao governo, não se esquecendo dos favores em troca dos empréstimos; molhe a mão dos funcionários certos nas repartições certas para que seu projeto seja liberado, apesar de algumas irregularidadezinhas. E está feito. Lance-o e espere chover na sua horta. (mais…)
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Em apuros, chame o destino
segunda-feira, março 15th, 2010Desse jeito é complicado
segunda-feira, março 1st, 2010Não sei por quê, mas a palavra que mais tenho ouvido no noticiário diário do rádio – sou ouvinte assídua desse meio de comunicação – é o adjetivo “complicado”. Seja por pobreza de vocabulário dos repórteres, seja por sua compreensível tensão diante de uma situação trágica por cuja cobertura são responsáveis, ou simplesmente pela comodidade de lançarem mão de certos coringas da Língua, como, aliás, também vem acontecendo com o verbo “colocar”. Mas dele tratamos adiante. (mais…)
Lobohomem
segunda-feira, fevereiro 1st, 2010Um dos maiores mitos da humanidade volta este mês a ganhar espaço em nosso imaginário: o lobisomem. Não que a criatura meio homem meio lobo tenha algum dia nos deixado para sempre. Claro que não. Só que neste fevereiro, ela chega às salas de cinema. Ela novamente estará reencarnada. (mais…)
Um brilho no olhar
segunda-feira, janeiro 25th, 2010Tem muita gente pedindo esmolas nas ruas. Agora há pouco, num semáforo, um garoto em cada vidro, cravaram-me aquele olhar submisso, quase uma mistura de vítima e culpado. Em outra esquina, um sujeito ameaçou encostar com sua cadeira de rodas, mas não deu tempo porque o sinal abriu. E em mais outro, uma menina. (mais…)
Plataformas
sábado, janeiro 16th, 2010O mundo hoje está separado em dois: o das plataformas tecnológicas, que anunciam uma profunda transformação no modo de se informar, de ler, de ver TV, de ouvir música, de se modernizar; e o das plataformas reais, que vivem alagadas, fétidas e pobres.
Óculos, sapatos e outros estragos
quinta-feira, janeiro 7th, 2010E lá se foi, pela oitava vez, mais um par de óculos de bronze do poeta, desde que sua estátua foi posta em sossego no banco da praia de Copacabana. A ideia original era mesmo deixá-lo sossegado, mas tá difícil, sô. Dessa vez entrou em cena a cavalaria e Rin Tin Tin (desculpem-me os mais jovens que não conheceram essas figuras) na forma de um maçarico para rejuntar os novos óculos de Drummond e dificultar o nono roubo, mas nessas alturas o assunto já entrou para o folclore sinistro do cotidiano carioca. (mais…)
A natureza vomita
terça-feira, dezembro 22nd, 2009Os ataques terroristas na Índia e a catástrofe em Santa Catarina são de tirar o sono, a alegria e a esperança. Sobre o terrorismo, é mais um capítulo. Mas e esse verdadeiro desmanche logo ali no sul? Parece-me algo novo, sem precedentes ao menos para nós que vivemos num paraíso tropical (por favor, levem em conta que a utilização de “paraíso tropical” é bastante irônico de minha parte). (mais…)
O lixo que fica entalado
domingo, novembro 22nd, 2009Diz que eleição é como futebol e carnaval: uma festa, mas deixa muita sujeira. Além do lixo comum – dos santinhos e todos os papéis produzidos para seduzir o eleitor, sobra também o entulho humano que assume as sagradas cadeiras públicas. Fora uns e outros que podem se contar nos dedos, a pergunta é inevitável e vem do sujeito desconhecido na porta do bar: como é que se consegue juntar tanta coisa ruim? (mais…)
Dores nas costas
sexta-feira, outubro 16th, 2009I
Outro dia, apareceu-me lá no consultório, pelo meio da tarde, um tal Silvério. Minha clientela geralmente é fixa, não por outra coisa, senão pelo detalhe de a minha agenda viver lotada. Para dizer a verdade, tenho consultas marcadas para os próximos seis meses. Por isso mesmo, quando surge algum novo paciente, é natural alimentar uma certa curiosidade. Contudo, quando ele entrou, ambos não pudemos evitar boas risadas. O fato é que já nos conhecíamos, embora não tivéssemos ligado nossos nomes às respectivas pessoas. Eu o tinha por Silva e ele me tratava por Doutor Juca. São esses os apelidos pelos quais costumam se dirigir a nós, inclusive no edifício onde moramos, coincidentemente no sétimo. Não era para rir? (mais…)
Que bom que tem solução
quinta-feira, setembro 3rd, 2009Embora haja situações em que nós brasileiros já podemos nos considerar mais esclarecidos e conscientes, algumas ainda teimam em ser um verdadeiro desastre. E a campeã absoluta é a prestação de serviços. Essa está apenas engatinhando na vida do país e continua tomando um tempo desnecessário de quem dela precisa e quase sempre deixando a desejar. (mais…)