Archive for the ‘Colaboradores’ Category

Maria Três Destinos – Texto de Otávio Nunes

sábado, março 15th, 2008

“Maria, Maria, quem traz na pele essa marca
possui a estranha mania de
ter fé na vida”

(Milton Nascimento e Fernando Brant)

Maria Aurelina levanta cedo, faz o café, vai à padaria comprar pães,
acorda as crianças para ir à escola e prepara o café com leite delas.
Despede-se dos filhos e se encaminha ao tanque, onde quilos de roupa
suja a esperam. Na hora do almoço, refoga dois copos de arroz, pega na
geladeira a vasilha com o feijão cozido no dia anterior, frita um ovo
e come sozinha, na mesa da cozinha. (mais…)

Com o devido respeito

quinta-feira, março 13th, 2008

Quando Michael Jackson gravou um clipe numa favela do Rio, em 1996, tudo foi combinado anteriormente com os, digamos, donos do pedaço, e a gravação transcorreu em paz. Diz-se que o diretor, Spike Lee, pediu autorização aos “verdadeiros donos do morro” para gravar o clipe e não às autoridades policiais ou aos administradores da cidade. (mais…)

Depois de uma noite de amor – Texto de Dudu Oliva

terça-feira, março 11th, 2008

– Como se chama?
– Literatura.
As letras emanaram de seu corpo e o homem tentou fugir, mas aderiram à sua pele rapidamente. Sentiu um caos dentro de si.
– Eu lhe disse que era voraz…

E-mail: dudu.oliva@uol.com.br

Meu hino pobre- Texto de Fernanda Villas Bôas

domingo, março 9th, 2008

Eu posso representar uma exceção, mas meu hino preferido é o da Bandeira, o primo pobre dos hinos brasileiros. Sim, primo pobre, que não se compara com a suntuosidade do Nacional nem provoca a comoção pátria do da Independência, aquele do “brava gente brasileira”. (mais…)

Melhor amigo – Texto de Leonardo Brasiliense

sexta-feira, março 7th, 2008

Entrei no bar com meu amigo Jack. Com dificuldade, a língua pesava, ele perguntou meu nome. Menti um qualquer e não quis saber o seu. “Jack” estava bom para alguém que eu conhecera na porta. Já era intimidade suficiente entrarmos abraçados, sustentando-nos um ao outro. Com quem mais podíamos contar para isso?

E-mail: lbrasiliense@uol.com.br

7 pecados – Texto de Dudu Oliva

sexta-feira, março 7th, 2008

GULA

Foi ao Japão para assimilar a técnica da invisibilidade ninja. O aprendizado foi proveitoso. Nas festas, era imperceptível aos olhares de todos quando colocava salgados e doces num saco plástico. Depois, sozinho, devorava-os em casa. (mais…)

Indomáveis – Texto de Dudu Oliva

segunda-feira, fevereiro 18th, 2008

Meus pensamentos são como estes dois cavalos selvagens que galopam destemidos ao lado da cachoeira. Escrever é uma forma de domá-los, mas muitas vezes são velozes e não consigo acompanhá-los. Acalmem-se! Fazem muito barulho com suas patas na minha cabeça. Nunca atendem meus pedidos. (mais…)

Hífens, acentos e vaidades

quinta-feira, fevereiro 14th, 2008

São oito os países lusófonos. A maioria deles ainda consegue se comunicar sem intérpretes, mas na escrita… ah, na escrita… como divergem! Mesmo assim, alguns autores do país da língua original não permitem que sua obra tenha vocabulário e ortografia adaptados quando é publicada nos outros sete países lusófonos. Defendem a idéia de que a língua é a mesma e as eventuais divergências ortográficas e semânticas são um reflexo das diferenças culturais, importantes no universo literário, e ninguém vai morrer se tiver que consultar o dicionário meia dúzia de vezes, ou mais, durante a leitura. (mais…)

Memórias – Texto de Dudu Oliva

quinta-feira, fevereiro 14th, 2008

“Disse-me, uma vez, que ouviria melhor suas palavras quando não estivesse mais aqui. Hoje, vivem em mim. Você não é só lembranças ou um dado da minha biografia. É um ser fictício que imaginei nas minhas fábulas íntimas. Uma amiga me contou que quando saímos de casa ou nos separamos das pessoas próximas, congelamos o momento que se viveu até a partida. Tenho medo de você não ser o que registrei nas minhas memórias verdadeiras e imaginadas."

E-mail: dudu.oliva@uol.com.br

Bem-vindo a bordo – Texto de Lucius de Mello

quarta-feira, fevereiro 6th, 2008

“Tenciono passar muito tempo na fazenda assim que

chegar e espero na volta para cá trazer muito assunto

brasileiro. (…) Não pensem que essa tendência

brasileira em arte é mal vista aqui. Pelo contrário.

O que se quer é que cada um traga contribuição de seu

próprio país. Assim se explicam o sucesso dos bailados

russos, das gravuras japonesas e da música negra.

Paris está farta da arte parisiense.”

Tarsila do Amaral, dezembro de 1923.

Você tem fome de Arte? Então não deixe de provar deste prato: Tarsila do Amaral. A musa do modernismo e uma das criadoras do movimento antropofágico pode ser saboreada com tâmaras e temperos turcos, iguarias do oriente, receitas francesas, condimentos típicos das Minas Gerais e, claro, especiarias irresistíveis típicas do cardápio caipira. Afinal, Tarsila nasceu na fazenda São Bernardo, em Capivari, interior paulista, no dia 1o de setembro de 1886. (mais…)