Archive for the ‘Colaboradores’ Category

Cenas – Texto de Dudu Oliva

segunda-feira, novembro 5th, 2007

Na janela, uma senhora deixa-se molhar pela chuva.
Com duas bolsas cheias uma jovem corre para a marquise.
Homem briga com outro por causa do carro batido.
Os pombos encolhidos no telhado em um prédio antigo. (mais…)

Sofredor – Texto de João Pedro Feza

quarta-feira, outubro 31st, 2007

Angústia em estado televisivo: rotina de corintianos. Como eu. Mas vamos botar o preto no branco: agora, com a fatura decidida a favor do Tricolor, o (ex) Timão é a graça de tudo.

Diz que o cara, corintiano, chegou em casa e cobriu a mulher de pancada. Só porque ela usava um tomara-que-caia.

Muitas piadas ainda virão. Mas o fato, agora, é que o Corinthians monopoliza as atenções de todas as torcidas. (mais…)

Rachaduras – Texto de Reinaldo Chaves

segunda-feira, outubro 29th, 2007

Parte 1

Na viagem de volta Heitor percebeu que havia esquecido suas chaves. Ele estava na estrada já, dentro de um ônibus, não havia como voltar para pegá-las. Apesar de ficar irritado com o esquecimento a melhor opção que ele percebeu foi relaxar, já estava suficientemente cansado com a estrada péssima e seu assento apertado. Por morar sozinho algum chaveiro cuidaria de abrir sua casa ou ele dormiria na casa de algum conhecido por aquela noite. (mais…)

Vozes do Deserto, de Nélida Piñon – Texto de Dudu Oliva

domingo, outubro 21st, 2007

“Os contos das Mil e uma noites povoaram a imaginação de sem-número de leitores que, pendentes dos narradores, ansiavam para saber o que riria acontecer com Simbad e Zonaide e, com o mesmo fôlego curto, temiam pela sorte de Scherezade entregue ao capricho do mais cruel dos ouvintes.” ( escritor Alfredo Bosi)

Antes de falar sobre o romance que acabei de ler – Vozes do Deserto (Record, 2005), contarei brevemente uma lenda oriental – UMA FÁBULA SOBRE A FÁBULA. (mais…)

O cofre (ou tudo que é pesado cai no pé) – Texto de Otávio Nunes

quinta-feira, outubro 18th, 2007

O velho senador acorda cedo e abre a janela de sua mansão. Sente-se
rejuvenescido com os primeiros raios de sol e o ar fresco e perfumado
exalado do seu vasto jardim. Tanta felicidade o incita a proferir um discurso em louvor da natureza, mas nada diz por absoluta falta de quorum na sua casa. A empregada deve chegar em pouco. Enquanto isto, senta-se a sua escrivaninha para ler o jornal. (mais…)

Apologia da força – Texto de Leonardo Brasiliense

sexta-feira, outubro 12th, 2007

Maria empurra o dia todo uma carroça de papeleiro. Empurra o dia, empurra a semana, o resto da vida.

E-mail: lbrasiliense@uol.com.br

Assassina – Texto de Thiago Roque

domingo, outubro 7th, 2007

Ela perdeu duas horas no cabelereiro, passou no shopping para pegar um novo salto agulha.
Não esqueceu a maquiagem da moda, o esmalte preto nas unhas, a calça de lycra que deixava a bunda redonda e empinada.
Afinal, a noite era dela. E ela ficava muito bem com sangue nas mãos. (mais…)

ele – Texto de Thiago Roque

sábado, outubro 6th, 2007

Ele não sabe o que é amar.
Não, senhor. Não faz a menor idéia.
Pobre diabo. Nunca chegou perto. Jamais teve fagulha deste bem-querer.
Justiça seja feita: tentou, uma única vez. Passou longe. Gosto de bolacha amanhecida.
Cuspiu. E cerrou as portas. (mais…)

Decadência – Texto de Dudu Oliva

quinta-feira, outubro 4th, 2007

No final da tarde os corredores fedem a mijo; os livros da biblioteca são consumidos por traças e cupins. Quando a noite chega, muitos se apressam para ir embora: a escuridão do campus dá medo, lâmpadas não funcionam, o prédio inacabado se parece com ruínas. Às vezes, quando venta, seu ruído compõe ainda mais o cenário deprimente - mesas e cadeiras quebradas, ora pelo tempo, ora por vândalos; às seis horas da tarde, a faculdade se transforma num cemitério, cenário angustiante que se diluiu no cotidiano e que não choca mais ninguém.

E-mail: dudu.oliva@uol.com.br

Sem foco – Texto de Dudu Oliva

quarta-feira, outubro 3rd, 2007

Música bonita, não sei quem canta; preciso tomar o remédio; estou com um livro do Cortázar, mas não consigo me concentrar; a monografia de final de curso, nem tenho idéia do que vou fazer; o médico da emergência que me atendeu no sábado é muito grosso, ora bolas, se fui ao hospital era porque não estava me sentindo bem, disse que a emergência só era para casos graves, fui lá para quê? brincar de amarelinha? (mais…)