Archive for the ‘Colaboradores’ Category

Dois minicontos de Ana Flores

terça-feira, agosto 4th, 2009

Afresco

Antes de pintar o apartamento para devolvê-lo ao senhorio, ela o chamou em casa e perguntou-lhe se gostaria de manter a poesia que ela escrevera numa das paredes da sala. Ele a leu várias vezes, caiu de amores, mudou-se para lá e manteve para sempre a poesia e a autora. (mais…)

Os guerreiros – Texto de Otávio Nunes

terça-feira, agosto 4th, 2009

O valente guerreiro Juruí, filho do cacique da tribo dos Nhandequarabim, povo que habita a margem direita do Rio Xingu, no sentido da correnteza das águas, entrou na oca da família. Seu pai estava a afiar a ponta de uma lança, para pescar matrinxã no grande rio. (mais…)

Solidão – Texto de Leonardo Brasiliense

terça-feira, julho 14th, 2009

Abri o livro e caiu dele uma flor seca. A julgar pelo tamanho das outras, faltavam duas pétalas. Que sofrimento levaria alguém a desistir no mal-me-quer e sepultar esse destino num livro velho da Biblioteca Pública? Me deu vontade de olhar o nome na ficha de retiradas, talvez procurá-lo. (mais…)

Relato

sexta-feira, julho 10th, 2009

Viajando, por muitos lugares, encontrei uma sociedade que vive a
ditadura barulhenta. Todos são obrigados a falar e a expor suas
idéias. Quem imerge no silêncio e se retira da cidade é preso em um
campo de concentração. Lá, sofrem um penoso processo de reeducação.

E-mail: dudu.oliva@uol.com.br

Às primeiras horas da manhã

segunda-feira, julho 6th, 2009

A varrição lá fora o acorda. Está dolorido, mas insiste em sair do quarto. A irmã, mancando e cheia de hematomas no rosto, lhe prepara o café. Os pais com feridas profundas fazem a coleta do que ainda serve. Foi tudo muito rápido; homens invadiram a vila e praticaram vários tipos de barbaridades. (mais…)

Árvore da vida – Texto de Otávio Nunes

quinta-feira, julho 2nd, 2009

Encontrei a árvore cujos frutos alimentam a humanidade. Está velha, mas frondosa, verde e produtiva, como sempre. Sentei-me à sua sombra e lhe perguntei sobre o calvário de sua vida, ao fornecer comida para bilhões de bocas no mundo. Ela não reclama de ter de gerar ininterruptamente, segundo após segundo. Apenas me diz que seus frutos não são distribuídos igualitariamente. Há pessoas que se satisfazem com um ou dois, enquanto outros levam milhares. Chegam até mesmo a vender seus frutos a quem não consegue ter acesso a ela. (mais…)

Dois minicontos de Ana Flores

sábado, junho 20th, 2009

É DOCE MORRER DE AMOR

Você não faz ideia do que esses brincos de pingente de ametista vão fazer ao seu pescocinho longilíneo e macio. Ao seu perfil suave. E aos seus olhos cor de hortênsia. Experimenta e vê se não tenho razão.

Dizia coisas assim quando me presenteava com enfeites e bijuterias acompanhados de beijos. Tudo o que vinha dele me fazia bem, me alegrava o coração, despertava a mulher linda que se escondia em mim e que só acordou quando ele apareceu. É assim que me lembro dele, de cada momento amoroso que passamos juntos nessa felicidade difícil de explicar. (mais…)

Subo a serra

segunda-feira, junho 15th, 2009

Vejo a minha imagem refletida na janela do ônibus se sobrepondo com as
luzes da cidade lá embaixo. As criaturas da noite entram na condução e
me amedrontam com seus rugidos e olhares cortantes. Permaneço imóvel,
não posso demonstrar emoção; eles sentem o cheiro do medo. (mais…)

Intolerância

quinta-feira, junho 4th, 2009

Seduza todas as mulheres que você desejar, Confunda-me com as desculpas mais esfarrapadas que sua imaginação criar, Convença-me de que o que eu estou vendo não é nada disso que eu estou pensando, Passe em branco o aniversário do nosso namoro, Ignore os bilhetinhos de amor que deixo na porta da geladeira para você. Mas nunca mais – ouviu bem? – nunca mais em sua vida recuse provar meu manjar de coco com calda de damasco. Isso eu não vou perdoar.

E-mail: anaflores.rj@terra.com.br

A mãe do Silvinho – Texto de Leonardo Brasiliense

segunda-feira, maio 25th, 2009

Ela disse que o meu amiguinho não estava em casa mas me mandou entrar. Disse que gostava de mim porque eu era comportadinho e que ela queria conversar comigo um pouquinho. Me levou para o quarto e disse vem, senta aqui no meu colinho...

Me deu um tapão na cabeça porque a chamei de tia.

E-mail: lbrasiliense@uol.com.br