Cada vez tenho mais certeza de que um código de barra aparece na testa dos cidadãos brasileiros no momento em que eles se encontram na posição de consumidores. Não importa se é um empresário bem-sucedido, uma cozinheira de mão cheia, um pai admirado pelos filhos ou uma compositora de talento, todos reconhecidos em seu meio. (mais…)
Archive for the ‘Colaboradores’ Category
DNA de consumidor
quarta-feira, novembro 26th, 2008Desperdício humano
terça-feira, novembro 18th, 2008Já falei sobre isso em outra crônica, mas volto ao assunto, ainda lamentando o desperdício de crianças e adolescentes sem eira nem beira, desaproveitados e desconhecendo seus próprios talentos que não aqueles dirigidos a delitos. Hoje me refiro especificamente aos que são jogados em instituições cuja finalidade é "formular e implantar programas de atendimento a menores em situação irregular, prevenindo-lhes a marginalização e oferecendo-lhes oportunidades de promoção social" (Lei Estadual 1.534 de 27/11/1967), mas que na sua maioria não passam de um depósito de seres humanos. Nestes, os internos passam grande parte de seu tempo planejando a fuga ou especulando sobre como vão se dar bem quando fizerem 18 anos e se reintegrarem à bandidagem. (mais…)
Amigo invisível – Texto de Otávio Nunes
sexta-feira, novembro 7th, 2008Amigo invisível na infância todos têm. É comum no mundo dos pequenos. Mas conforme o tempo avança, e infelizmente toma contato com o mundo adulto, o infante esquece aquele amiguinho que um dia lhe fez companhia. Eu também passei por isso, é claro. Só que nos últimos anos, no adentrar da idade, reatei amizade com aquele ser que me acompanhou na meninice. Em outras palavras mais simples, sem bordar o texto: dei para falar sozinho. (mais…)
Viagem
quinta-feira, outubro 30th, 2008Encontrei espaço numa curva do saguão e me sentei no chão, perto da loja de café. Naquelas alturas, o aeroporto Antonio Carlos Jobim não oferecia muito mais conforto do que isso para quem fosse pernoitar por ali. No meu cantinho improvisado já me sentia num razoável bed and breakfast, dada a proximidade da máquina de capuccino e dos pãezinhos de queijo para quando eu acordasse. Eu estava sozinha, esperava a chamada para meu embarque, adiado em muitas horas, e observar meus companheiros daquele albergue improvisado passou a ser uma distração, pois já devorara boa parte do livro que levava na bolsa “para ler na viagem”. (mais…)
Futuro presente – Texto de Leonardo Brasiliense
sábado, outubro 18th, 2008Ao pular ágil da cama no primeiro toque do despertador, João Alfredo de Moura e Andrade, pai de família exemplar, filho dedicado, amigo fiel, colega solícito, não tinha como adivinhar o que estava para acontecer naquele dia. Se pudesse, talvez não se levantasse, nem saísse de casa. Seria prudente? Covarde? A solução? Mas levantou, escovou os dentes, tomou café com leite, foi para o trabalho. Tudo bem, não havia como, era impossível prever, não há como culpá-lo. Porque não aconteceu nada. Como sempre.
E-mail: lbrasiliense@uol.com.br
Novo prefeito – Texto de Otávio Nunes
quinta-feira, outubro 9th, 2008O novo prefeito de Beiradinha sentou-se na cadeira estofada e olhou através da janela. Lá fora, os cidadãos andavam de um lado para outro, à procura de seu destino. "A partir de hoje, eu os governo", pensou consigo mesmo o alcaide recém-eleito. (mais…)
Incoerências e caras-de-pau
segunda-feira, setembro 29th, 2008Aos poucos, os candidatos e candidatas a Prefeito do Rio começam literalmente a mostrar a cara e, no momento em que escrevo, alguns deles já se destacam no noticiário. Ou porque nas pesquisas têm índice mais alto de intenção de votos ou porque seus cartazes aparecem mais pelas ruas da cidade. E é aí que entra a incoerência desses candidatos com sua interpretação muito particular sobre o que seja “cuidar da cidade” ou de pensar nela como seus futuros administradores. (mais…)
Obrigada, poeta
sexta-feira, setembro 19th, 2008
Às vezes acontece. Você precisa desabafar, conversar, trocar umas figurinhas, e aqueles que estão sempre presentes pro que der e vier não estão disponíveis naquele exato momento, por uma razão qualquer. Numa dessas vezes, apelei para ele. Que está sempre lá, sentado no mesmo banco da praia de Copacabana, de pernas cruzadas, um livro no colo e aquele ar meio sério, meio pensativo, como esperando que alguém se sente a seu lado. E foi o que eu fiz. Sentei-me ali, pus meu braço no ombro dele e comecei a conversar. Só não digo que comecei a “nossa” conversa, porque falei muito mais do que ele, que só ouvia, e às vezes – juro! – esboçava um sorrisinho complacente. (mais…)
Iniciação – Texto de Leonardo Brasiliense
sábado, setembro 13th, 2008Era uma caixa d’água virada para baixo, e lá de dentro espiávamos o mundo por um furinho quase de nada. Assim nós sabíamos de tudo. Por exemplo, quando mataram o galo Rico. Os adultos combinaram o assassinato no cochicho. Então o Rico apareceu na mesa do jantar, e nós sabíamos que era ele. Mas não deixamos sobrar nada no prato: mais nos importava manter o esconderijo, porque a prima e eu desconfiávamos, em silêncio, que dali a pouco ele teria outro fim.
E-mail: lbrasiliense@uol.com.br
Fui eu – Texto de Otávio Nunes
quarta-feira, setembro 10th, 2008Estava eu a comer um pastel na feira de domingo, destes enormes que nos fazem almoçar às quatro da tarde, quando um homem passou por mim e deu-me um papelzinho. Um santinho de candidato. Quando ia jogar no lixo, reparei que a foto no papel era a do próprio homem que entregava. Era ele o candidato. Nunca tinha me acontecido isto antes e acredito que a poucos na cidade. Geralmente, a gente pega santinhos
das mãos de pessoas que trabalham para o político. Mas, das mãos do próprio, era novidade. (mais…)