“O espião que sabia demais” (baseado em livro homônimo do escritor inglês John Le Carré lançado no Brasil pela Editora Record) é um bom filme para quem gosta do gênero. Para quem quiser saber mais sobre o livro, clique aqui e leia matéria na Folha.com.
O filme, dirigido por Tomas Alfredson e protagonizado por Gary Oldman, tem também outras grandes estrelas, como Colin Firth e John Hurt. (mais…)
Vi três filmes em DVD no fim de semana. Três dramas. “Histórias cruzadas”, “Meu país” e “Uma vida melhor”.
Histórias cruzadas. Embora mostre pouca coisa a mais do que já foi dito sobre o preconceito racial exacerbado dos anos 1960 nos Estados Unidos, o filme tem o grande mérito de pinçar um núcleo determinado e transformá-lo num espelho revelador da sociedade norte-americana daquela época. (mais…)
Ouço de várias pessoas que a política não tem jeito. Que os políticos perderam a vergonha na cara e que nada mais adianta para fazê-los entrar na linha: críticas, protestos, nada, nada… (mais…)
“Senti o cheiro de merda já no meio da escada. Quando cheguei ao banheiro, a porta estava inteiramente aberta e, no chão do corredor, jaziam seu macacão e sua cueca. Dentro do banheiro papai estava nu, tendo acabado de sair do chuveiro, pingando ainda. O cheiro era insuportável. Ao me ver, quase começou a chorar. Na voz mais desconsolada que jamais ouvi, dele ou de qualquer outra pessoa, me disse o que não era difícil deduzir: ‘Me caguei todo’.”
Acho que o trecho acima e toda a sequência dessa passagem resumem, do modo mais franco e honesto possível, a essência do livro “Patrimônio”, de Philip Roth, reeditado agora pela Companhia das Letras. (mais…)
Conheci um menino, que depois se tornou adulto, com graves deficiências mentais. Sua vida deve ter durado perto de 40 anos. A mãe e a avó cuidavam dele com um carinho impressionante. Ele oscilava entre bons e maus momentos. Em estado turbulento, chegava a agredir a mãe. Era um terrível drama. (mais…)
Dizem que quando vamos ficando velhos, gostamos de nos apegar a coisas do passado, aos ecos de nossa vida. Acho que estou ficando velho. Sempre que posso me divirto com a "Escolinha do Professor Raimundo". Passa no canal Viva. (mais…)
As emissoras de televisão continuam intensificando a maneira informal de levar as notícias à nossa casa. Os apresentadores, cada dia mais próximos do público, quase não fazem mais os velhos relatos sob a sonoridade de vozes graves e impostadas. Já faz um tempo, eles agora conversam como se fossem interlocutores presentes bem ao nosso lado, na sala onde fica o aparelho. (mais…)
Lanzmann ainda jovem (à esquerda) acompanhado de Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre na capa do livro
Um coronel do exército polonês, ex-agulheiro auxiliar da estação de Sobibor, um dos campos de extermínio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, contou “que certa vez, quando fazia a vigilância noturna, bateram energicamente na janela, um ucraniano que lhe pareceu imenso exigiu um litro de vodca oferecendo em troca um pacote pesado e fedido, toscamente enrolado em jornal. Ele não teve como não aceitar, disse, e se pôs a vomitar ao abrir o pagamento de sua garrafa...” Tratava-se de “um maxilar sanguinolento contendo dentes de ouro”, retirado do cadáver de um judeu que fora levado recentemente para a câmara de gás. A passagem está em “A lebre da Patagônia” (Companhia das Letras, 472 páginas), livro de memórias do intelectual francês Claude Lanzmann, uma fantástica viagem por diversas faces do século vinte a partir de sua riquíssima experiência pessoal. (mais…)
O jornalista e escritor Júlio Cezar Garcia (foto reproduzida de seu livro)
No início dos anos 1970, o jornalista Júlio Cezar Garcia atuava em São Paulo. Era o período mais pesado da ditadura militar que começara com o golpe de 1964 e só terminaria em 1985. Diz ele: “Numa noite, eu estava indo pra casa numa rua deserta quando vi um vulto ao meu lado; dei um pulo tentando me proteger, já pensando nos milicos...” O episódio, contudo, deixou-o entre o constrangimento e o ridículo. Havia se assustado com a própria sombra! Nunca me esqueço dessa passagem emblemática da vida do Júlio e da vida do próprio país. Ele a contou durante evento de jornalismo numa faculdade em que eu dava aulas em 2003 ou 2004, o ano não me lembro ao certo. (mais…)
O escritor norte-americano Philip Roth (Foto reproduzida do site da editora)
“Nêmesis” (Companhia das Letras, 200 páginas), livro mais recente de Philip Roth, se passa em 1944 durante um surto de poliomielite em Newark (EUA), cidade natal do autor. Uma obra tão paralisante quanto a doença para a qual ainda não havia vacina naquela época, em plena Segunda Guerra Mundial. Comprei o livro no sábado após o almoço e antes do almoço de domingo eu já o havia devorado. (mais…)