Em 1954, meu pai ao lado de caminhão carregado de capim
Participei da última cena da vida do meu pai. Ele estava morrendo no hospital. Do lado de lá do leito, minha mãe. Do lado de cá, eu. Na cabeceira. Meus irmãos e outras pessoas esperavam no corredor. Aconteceria a qualquer momento. Era uma noite no fim de março. Temperatura amena. Pela janela, dava para ver as árvores oscilarem num vento de chuva que viria. (mais…)
Capa do livro com cena do filme já lançado com Viggo Mortensen no papel principal
Acabo de ler “A Estrada” (Alfaguara), livro de Cormac McCarthy lançado em 2006 e que ganhou um dos mais importantes prêmios da literatura mundial: o norte-americano Pulitzer. Já escrevi aqui que gosto de ler mais de um livro ao mesmo tempo, ao menos dois: um mais intenso ou, sei lá, mais complexo e outro que exija menos concentração. Acho que um revezamento entre esses dois tipos de leitura funciona bem. Ao menos no meu caso. Então, enquanto releio as mais de 2.500 páginas de “Guerra e Paz”, vou enfiando obras mais fáceis no meio do caminho. (mais…)
Eis aqui minhas impressões sobre alguns filmes que vi há poucos dias: “Coração Louco”, “Armênia” e “A Janela”. Começo por este (“La Ventana”), de 2009, dirigido pelo argentino Carlos Sorín e que retrata o último dia de vida de um escritor de 80 anos (interpretado pelo uruguaio Antonio Larreta). Há obras que chegam a doer na alma pela sua simplicidade. Esta é uma delas. É incrível como um roteiro construído sobre tal simplicidade pode ser tão bom. (mais…)
Capa do NY Times com Obama eleito: jornal declarou apoio
É comum nos Estados Unidos jornais apoiarem um certo candidato, por exemplo, à presidência. O New York Times, jornal mais famoso e influente do mundo, deu apoio a Obama. O apoio é declarado. O leitor é informado claramente pelo veículo sobre os motivos da opção. A cobertura jornalística, entretanto, procura ser isenta. O noticiário, ao menos em tese, não favorece o candidato escolhido. Seria uma boa no Brasil? (mais…)
“Escritores em Primera Persona”, levado ao ar pelo canal Futura, é uma boa opção para quem quer conhecer, em programas curtos (meia hora), grandes nomes da literatura latino-americana. Tenho visto aos domingos, às 20h30, mas parece que a partir do próximo será às 16h.
Nomes como Carlos Fuentes, Mario Benedetti, Mario Vargas Llosa e Eduardo Lugano fazem parte do timaço de entrevistados. Eles comentam suas obras e opinam sobre vários aspectos da vida latino-americana. Não sei precisar o ano das produções. Há ao menos um entrevistado (dos que eu vi) que já morreu: Benedetti. Mas se pensarmos bem, grandes escritores como Benedetti não morrem nunca.
Abaixo, vídeo com o poema “Te quiero”, de Benedetti.
Clique no Leia mais aí embaixo para ler o poema. (mais…)
Nelson Rodrigues tinha uma receita peculiar a respeito dos livros: ler poucos e muito. Ou seja, para ele, era preciso reler muitas vezes os mesmos livros. Já escrevi aqui no blog que não concordo, mas se eu tivesse de escolher alguns livros para seguir a receita, um deles seria, sem dúvida, “O velho e o mar”.
Acabo de reler a maravilhosa obra de Ernest Hemingway (edição da Bertrand Brasil que ganhei da minha segunda mãe – dona Rita). (mais…)
Entre os amigos mais próximos, disseminei a seguinte impressão: a humanidade faliu. Não sei se alguém por aí já cunhou a frase antes ou a está cunhando agora. Em tempos de tantas ferramentas tecnológicas que fazem da comunicação um redemoinho de incontáveis ciscos, é arriscado defender qualquer frase ou ideia original. Tudo parece já ter sido dito ou pensado.
Mas, independentemente da originalidade da impressão, ela me vem à cabeça quando não me conformo com situações nas quais o homem expõe todo o seu fracasso. (mais…)
Cresci no meio de pais e tios e avó falando espanhol. Eles todos são (ou foram) filhos de espanhóis. Gente que veio do outro lado do Atlântico em busca de novas oportunidades, de uma vida melhor. Mas como é duro vê-los em harmonia. Como é difícil fazer com que eles se entendam. São ranhetas. São impulsivos. Têm sempre o sangue numa temperatura inadequada para o corpo humano. (mais…)
… para fazer com que os espanhóis esqueçam, ao menos durante noventa minutos, sua fúria pela separação. As fotos publicadas na internet mostram torcedores de todas as partes do país durante o jogo contra a Alemanha, em que a Espanha, depois de tantos anos, conseguiu chegar a uma final de Copa do Mundo.
Na cara dos torcedores não havia ninguém basco ou catalão ou galego. Havia espanhóis.
Se houvesse a possibilidade de alguém cair em pé, como muitas vezes se disse a respeito de quem perde com honra, este alguém, hoje, teria sido o Uruguai.
Sem a melhor técnica, que é da Holanda, que era favorita na semi, que não será favorita na final qualquer que seja seu adversário, os uruguaios honraram a camisa. Honraram a América do Sul. E poderiam até ter vencido. Quase virou o jogo e, na virada holandesa, houve gol irregular. (mais…)